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A startup de pesquisa israelense STERO Biotechs divulgou um estudo que pede cuidado no uso de canabinóides e cannabis no geral para o tratamento do novo coronavírus, mas que sugere que a substância presente na maconha pode ter resultados positivos no tratamento da Covid-19. A empresa de biotecnologia já desenvolveu medicamentos à base de canabidiol (CBD) antes, contra doenças como urticária crônica e a doença do enxerto contra hospedeiro, também conhecida como DECH.
No caso da Covid-19, a startup alerta que o uso de cannabis pode tanto ajudar quanto atrapalhar o tratamento, a depender da fase da doença em que o paciente se encontra. Sendo tanto um auxílio ao tratamento, para casos mais graves, quando um obstáculo, para quem está nas etapas iniciais da doença — o que levou a STERO a recomendar muita precaução no uso da substância em pacientes infectados.
Sistema imunológico
Quando o sistema imune detecta a infecção por um vírus — no caso, o novo coronavírus –, o organismo libera para a corrente sanguínea as citocinas, que são proteínas, peptídeos ou glicoproteínas que regulam a imunidade e as inflamações no corpo.
As citocinas comuncam aos leucócitos qual célula deve ser atacada. Depois que o alvo é atingido, as citocinas se dispersam e o vírus é eliminado. Essa reação do corpo, que acontece na intenção de protegê-lo, pode, no entanto, ser prejudicial à saúde.
Isso acontece porque uma das causas de morte do novo coronavírus é, justamente, o excesso de liberação das citocinas devido à reação exagerada do sistema imunológico. A chamada “tempestade de citocina” ou “tempestade inflamatória” libera citocinas pró-inflamatórias como interleucinas IL-6 e IL-1ß, neutrófilos e monócitos.
Com essas citocinas em excesso no corpo, o sistema imunológico acaba atacando o próprio organismo, e não apeas o vírus que o infectou. Quando o próprio organismo começa a ser atacado, o paciente pode apresentar febre alta, inflamação, fadiga e náuseas. Nos casos mais extremos, a tempestade de citocinas pode causar falência de órgãos e levar o paciente à morte.
Nesses casos, o que acontece é a falha do pulmão em realizar a troca de gases e fornecer oxigênio para o organismo, causando problemas respiratórios como Desconforto Respiratório Agudo (SDRA).
Em geral, a cannabis inibe as respostas imunológicas do organismo, esse processo de produção das citocinas.
Nas etapas mais graves da doença, quando há excesso dessas substâncias, o estudo da empresa israelense mostrou que o CBD reverteu parcial ou totalmente esses danos causados aos pulmões pela tempestade de citocinas.
A substância reverteu o inchaço, o crescimento excessivo de tecido e as cicatrizes dos pulmões. Isso acontece porque o CBD pode aumentar em até 20 vezes os níveis de apelina no organismo, uma substância que é feita de células do coração, pulmão e cérebro.
Contraindicação
Mesmo com todos os resultados, a STERO Biotechs pede cuidado no uso da cannabis para tratamento da Covid-19. A empresa alega que as conclusões ainda representam poucas evidências do efeito dessa substância no tratamento do novo coronavírus.
O efeito da cannabis em inibir a produção de citocinas, se pode ajudar nos casos graves, também pode atrapalhar a resposta imunológica do organismo, no estágio em que o corpo mais necessita desse bom funcionamento.
Dessa forma, o uso de cannabis no início da infecção do novo coronavírus pode impedir que o organismo trabalhe no combate ao agente causador da doença.
CNN BRASIL
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