quarta-feira, 15 de maio de 2019

UNIVERSIDADE NÃO É PARA TODOS. Por Ramon Luduvico


Apesar das irracionalidades do (des)governo Bolsonaro, uma coisa o antigo ministro da educação, Ricardo Vélez Rodríguez, acertou em cheio: Universidade não é para todos. Nunca foi.

Para se ter uma ideia, apesar da primeira instituição de ensino superior ter sido criado em 1808 (Escola de Cirurgia da Bahia), a primeira universidade brasileira foi criada apenas em 1920 sendo a justaposição de três escolas, sem integração nenhuma entre elas, conservando cada uma suas próprias características. O motivo? Conceder o título de Doutor Honoris Causa ao Rei Alberto I, da Bélgica.

Indiscutivelmente foi um avanço para o Brasil criar sua primeira universidade, porém esse desenvolvimento foi extremamente tardio, já que no século XVI já haviam sido criadas universidades no Peru e no México. Quando o nosso país criou sua primeira universidade, cerca de 350 anos depois do primeiro projeto, já haviam mais de 100 universidades pelas américas, ficando atrás de países como Guatemala, Bolívia, Venezuela, Chile, Cuba, dentre outros.

Entre a primeira universidade, criada em 1920, e 2002 foram criadas 45 universidades federais, ou seja, uma taxa de uma universidade a cada 2 anos. O cenário começou a mudar nos governos do PT, nos quais foram criadas 18 universidades federais e 173 câmpus universitários, uma taxa de 1 universidade a cada oito meses; a quantidade de alunos duplicou, ultrapassando os milhões. 360 unidades dos institutos federais também entram para os marcos históricos da educação pública brasileira, o que significa que em 13 anos se construiu mais unidades do que em toda a história dos institutos.

Além desses números é importante mencionar as políticas de inclusão que permitiram classes sociais antes excluídas dessa modalidade de ensino agora tivessem direito a um diploma superior. A quantidade de estudantes de escolas públicas que ingressaram nas universidades federais passou de pouco menos de 29 mil para mais de 78 mil. A taxa da população de negros e pardos que concluem o ensino superior subiu mais de 4 vezes, chegando a 9,3%. Agora a filha da empregada sentava ao lado da filha da patroa, o filho do pedreiro podia ser “doutor”.

A universidade sempre foi um espaço elitizado, pouco acessível à população mais carente e continuamente foram instituições que gastaram muito se comparadas ao ensinos fundamental e médio. O problema é que os governos do PT realizaram a “balbúrdia” de colocar a população antes marginalizada para dentro das universidades. Agora o negro, o pobre, o periférico também tem direito de fazer um ensino superior; para Bolsonaro o problema não é gastar muito, o problema é gastar com as classes inferiores.

É importante desmentir esse governo quando ele diz que cortando das universidades pode realocar essa verba para instituições de ensino fundamental e médio. É mentira, pois o ministério da educação é responsável pelos ensino técnico e superior, o ensino médio estão a cargo dos estados e o município arca com o ensino fundamental. Então cortando das universidades não significa mais dinheiro para o ensino básico.

Desde 2015 vem-se diminuindo o orçamento das universidades, porém o corte de 30% anunciado pelo governo Bolsonaro significa o sucateamento do ensino superior e técnico, além do provável fechamento de boa parte dessas instituições. Aqui no RN esse corte significou mais de 100 milhões de reais bloqueados da UFRN, do IFRN e da UFERSA.

Na UFRN a administração já anunciou que só tem recurso para manter-se até setembro, e que se prevalecer essa medida além dos prejuízos acadêmicos haverá demissão de mais de 1.500 servidores terceirizados e o cancelamento de diversos contratos de prestação de serviço que a instituição possui, aumentando o desemprego no estado. No IFRN e na UFERSA o cenário é semelhante.

Uma medida como essa só pode surgir de quem não conhece essas instituições. Citando mais uma vez a UFRN podemos perceber que ela possui 22 patentes registradas e mais de 200 em processo de registro, possui importantes organismos vinculados como o Instituto Internacional de Física, Instituto do Cérebro, enfim, 12 institutos, faculdades e escolas; dentre elas a FACISA em Santa Cruz, considerada a melhor instituição de ciências da saúde no interior do RN; a UFRN ainda possui 10 núcleos, 8 centros, 3 museus, 3 hospitais (dentre eles o Hospital Universitário Ana Bezerra), laboratórios de ponta e diversas linhas de pesquisa e projetos de extensão que beneficiam a sociedade.

O IFRN e a UFERSA seguem nessa mesma linha, levando ciência, tecnologias e conhecimento de qualidade em 30 campus espalhados por todo o Rio Grande do Norte oportunizando educação para mais de 77 mil potiguares. Precisamos lutar para manter e ampliar as conquistas na educação. Avançamos um pouco, porém ainda precisamos avançar muito mais e não perder o que já conquistamos.


Por Ramon Luduvico


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