terça-feira, 23 de junho de 2020

Bolsonaro cai e Moro sobe em popularidade nas redes após prisão de Queiroz

























O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) perdeu 25% de popularidade digital com a prisão de Fabrício Queiroz e viu seu ex-aliado Sergio Moro se aproximar novamente dele no quesito alcance em redes sociais, segundo ranking da consultoria de dados Quaest.

No sábado (20), dois dias após a ação que mirou o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), Bolsonaro registrou no IPD (Índice de Popularidade Digital) 58,7 pontos, seu pior resultado na série histórica.

Na segunda-feira (15), ainda sem a sombra do escândalo que envolve seu núcleo familiar, o presidente tinha alcançado 79,3 pontos no ranking, em que as notas variam de 0 a 100.

O principal beneficiado com a captura do amigo dos Bolsonaros, de acordo com a Quaest, foi Moro, que teve um incremento em sua presença digital e chegou a 41,4 pontos no sábado, ante a marca de 22 do início da semana —salto de 88%.


O ex-juiz, que deixou o governo em abril e passou a criticar Bolsonaro, fechou a semana na terceira posição do ranking, atrás de Bolsonaro e de Abraham Weintraub, que ganhou notoriedade em meio à sua saída do Ministério da Educação.

Para o coordenador do IPD, Felipe Nunes, a ascensão de Weintraub espelhou um pico de interesse por seu nome, mas tende a ser passageira, repetindo o que ocorreu com Luiz Henrique Mandetta, que disparou no ranking ao deixar a pasta da Saúde, mas logo perdeu força.

O índice, criado pela empresa em 2019 para medir o tamanho de figuras do universo político na internet, é baseado em dados de Twitter, Facebook e Instagram, além de YouTube, Google e Wikipédia. Com as informações, a Quaest gera desde março um relatório diário.

Bolsonaro ocupa o topo desde o início, mas foi ameaçado em dois momentos isolados. Na primeira vez, em dezembro de 2019 (quando a classificação ainda não era diária), foi ultrapassado pelo apresentador Luciano Huck, que é tido como provável candidato em 2022.

Na segunda vez, foi superado por Moro. Isso ocorreu em 28 de abril, em meio ao impacto da acusação do ex-ministro de que o presidente tentou interferir na Polícia Federal.

Depois disso, o ex-magistrado entrou em uma tendência de baixa, perdendo mais de 50% da influência alcançada no auge da crise. Moro, no entanto, voltou a crescer em meados de junho e disparou depois da aparição de Queiroz.

“O ator político que mais capitalizou esse fato foi Moro, e não alguém da oposição de esquerda, como Lula [PT] ou Ciro Gomes [PDT]”, diz Nunes, que também é professor de ciência política da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

“Moro é quem está herdando essa fatia antes pertencente a Bolsonaro”, resume ele, acrescentando que apoiadores do governo mais ligados à pauta morista, como o combate à corrupção, migram agora para a base do ex-juiz.

“Para esse grupo, a saída de Moro deu a impressão de que o governo não deu certo. Essa parcela acaba se aglutinando em torno do ex-ministro, o que gera o resultado positivo.”

O quadro mostra ainda, na opinião do analista, uma dificuldade de Huck para mobilizar as pessoas. “Ele é o nome no IPD que mais pontua no quesito fama. É amplamente conhecido e está presente nas principais redes sociais, mas ainda é muito associado à sua carreira na TV.”

FOLHAPRESS

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