sexta-feira, 12 de junho de 2020

FATOS POLÍTICOS DAS DÉCADAS DE 60, 70 E 80 Preâmbulo: Administração de José Rodrigues da Rocha (1973 a 1976)

O exercício efetivo de meu primeiro mandato de vereador teve início simultaneamente à Gestão do Prefeito José Rodrigues da Rocha (JRR), que tinha, como Vice-Prefeito, José Amilton Pereira, no período acima compreendido. 

Na verdade, não foi tarefa fácil para quem assumira naquele 31 de janeiro de 1973, quando, se sabia, de antemão, que a situação da Prefeitura de Santa Cruz, na sua dimensionalidade, era de extrema carência e procedente preocupação. 

Assim, mesmo na imaturidade da minha percepção, algo ecoante pairara-me na imaginação: no ar, remanescentes sopros dos ventos esbravejantes, relutando em se prolongar; no semblante, os resquícios da desolação, na teimosia de aparecer; na mente, o advento das preocupações procedentes, querendo se fixar; nos gestos, a angústia aparente persiste, não quer se escamotear; na visão, os olhos de quem enxergava, distante, mas com esperança, o tempo futuro de se autoafirmar, no íntimo, o desejo incontido de se adaptar; nas palavras, a indisfarçável ansiedade de assumir, para trabalhar; e, por último, no coração, o mavioso Canto de Fé, sentimento não abdicante, preocupado em corresponder, para não decepcionar. 

Legatário de um somatório de problemas decorrentes do elevado grau de radicalismo político-partidário existente em Santa Cruz, na época, assumiu a Prefeitura local o Prefeito José Rodrigues da Rocha, em condições desfavoráveis à implementação das ações primeiras de seu Plano de Governo, pelos motivos abaixo em descrição.

O Erário Público Municipal, no caso, empanturrado de débitos, vencidos e vincendos, sem perspectivas de saná-los, nem arriscar previsão. Na área educacional, algumas escolas construídas na zona rural, mas o sistema, como um todo, não tinha, sequer, método para avaliação da aprendizagem. No campo da saúde, nada além das ações primárias básicas, com suas limitações. No mais, que se sabe, a eletrificação das Avenidas 1, 2 e 3, no bairro do Paraíso, e a construção da rede de esgoto da Rua Padre João Jerônimo, acrescentando-se, por fim, a aquisição de uma motoniveladora, para a sua natural destinação.

Ademais, considere-se, ainda, em decorrência, a necessidade imperiosa de atender aos anseios da coletividade, sequiosa por mudanças importantes nos aspectos sócio-político e administrativo do município, dada a realidade atestada, agravada com o refluir da gestão passada, que, ocasionalmente, adotou postura divorciada das práticas republicanas de praxe, de consequências danosas espraiadas pela região. 

Ante o descrito, nesse caso, o centro das preocupações do novo gestor municipal, de início, foi o combate aos problemas mais agudos do município, sem trégua e sem hesitação. Em suma, foram muitas empulhações a demandar inadiáveis e urgentes soluções. 

Acrescente-se, ainda, os episódios políticos patrocinados pelos vereadores, no penúltimo ano de mandato do Prefeito José Bezerra Cavalcanti, e sua nefastas repercussões. É que, no “apagar das luzes” daquela legislatura, os Edis da Câmara Municipal de Santa Cruz, dentre eles, Gilson Alves de Andrade (hoje ex-Prefeito), em sessão plenária, rejeitaram a proposta orçamentária para o exercício financeiro de 1972, e, incontinenti, renunciaram, coletivamente, aos seus mandatos, com preconcebida intenção.

Fala-se, portanto, que, implicitamente, a ideia era afastar o Prefeito José de Balelê do cargo, impreterivelmente. 

Então, na sequência dos fatos, o TRE/RN marcou outra eleição para vereador. Os novos eleitos tomaram posse em 5 de abril de 1972. Com isso, o Prefeito José Bezerra Cavalcanti permaneceu no cargo até o ultimo dia do mandato que o povo lhe conferiu, em 1968. Simbolicamente, a decisão do Tribunal representou um tiro saído pela culatra, nocauteando os vereadores e ferindo quase que mortalmente o restante da oposição. Com tal relato, tem-se uma noção exata das reais dificuldades encontradas pelo Prefeito José Rodrigues da Rocha, para tocar em frente a sua administração. 

Entretanto, como ele, notoriamente, era defensor de uma visão ampliada da vida, acreditava piamente na força do trabalho, enquanto instrumento essencial à construção do desenvolvimento e à transformação da vida das pessoas; então, conseguiu, no curso de sua administração, retirar a Prefeitura da situação de insolvência financeira, bem como restabelecer as condições indispensáveis à governabilidade do município, com competência e exemplar determinação. 

Na próxima edição, falaremos das suas realizações à frente do Governo Municipal. Vamos, então, repaginar fatos de nossa história que nos pareciam esquecidos, lembrando-os e valorizando-os, sobretudo. É a nossa intenção. 

Obrigado! Até a próxima, se Deus quiser!


Dinamérico Augusto de Medeiros 
12 de junho de 2020. 



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