A história das eleições no Brasil teve início lá no período colonial quando foi realizada uma eleição pela primeira vez no país, em 1532. Desde então, o direito ao voto no Brasil passou por profundas transformações, assim como o sistema político do país (artigo: histórias das eleições no Brasil - Por Daniel Neves Silva, Graduado em História).
Sem medo de errar, mesmo com alguns avanços no nosso sistema eleitoral ouso dizer que, desde a época acima citada, eleição no Brasil sempre favoreceu os poderosos. Sempre foi uma luta de Davi, contra Golias, sendo que, neste caso, o Davi não conta com poderes divino, sobressaindo, então, o Golias.
Assim, estando em Santa Cruz, nossa terra querida, situada no país tropical, completaremos 20 anos de um padrão feroz, desumano e desigual de fazer campanha eleitoral na terra santa.
As grandes estruturas e megaeventos hollywoodianos, aliado ao uso da máquina pública e ao derramamento de dinheiro às vésperas da eleição são fenômenos bem conhecidos na cidade desde os idos 2000, para ser mais preciso.
De lá para cá, esquema de distribuição de medicamentos descobertos e punido pela justiça eleitoral. Zum, zum, zum, de entrega de combustíveis, materiais de construção, favorecimento de exames, perfuração de poços. Entrega de cesta básica. Envelopes com notas de 100, é só o que se ouve falar, ou seja, parece haver voto de todo preço, não é mesmo?
Com estas artimanhas não muito republicana fixou-se o padrão “FIFA” da disputa política pelo poder em Santa Cruz. Desta feita, como cantiga de grilo, entra eleição, sai eleição e o que ouvimos de boa parte da sociedade não é nada animador. Frases como “só ganha quem tem dinheiro”; “se não gastar não ver nem o azul”; “fulano sempre ganha porque tem coragem de gastar” e por aí vai... dominam as rodas de conversas políticas na cidade, lamentavelmente.
Deveras, ouvir essas expressões bate um certo desânimo, pois frase como “Voto não se vende, consciência não se compra” de Monsenhor Expedido e a cartilha “eleição e cidadania” do saudoso Hugo Tavares Dutra não tem nos levado a reflexão necessária do poder do voto.
Acredito eu que a esta hora você deve estar se perguntando: ora! Se esses dois mestres do saber não conseguiram levar a sociedade a devida reflexão, o que faz Marcos achar que com estas palavras tronchas conseguirá?
Boa pergunta. Mas na verdade não busco convencer quem quer que seja, busco apenas fazer mais perguntas e, lógico, dar responsabilidades, exemplificando:
1 – Quanto vale nosso voto?
2 – E o eleitor! Este não tem responsabilidades?
Entendo que o voto é uma ARMA, inclusive a única ARMA que você pode usar para reparar um erro cometido, não existindo nenhuma outra arma, ao ser usada, capaz de permitir você voltar atrás, apenas o voto permite tão feito, uma vez que, a cada 04 anos, podemos, se não tivermos satisfeitos, mudar, não é mesmo?
Ao abordar a segunda pergunta, faço uma outra: alguém compra mercadoria que não esteja a venda? Entendo que, todo e qualquer eleitor é cidadão pleno de consciência e de saber. No processo democrático, o eleitor, através do voto é convocado para escolher aqueles (as) que guiarão não só o seu, mas os destinos de uma cidade, de um estado, de uma nação. Por obvio, me parece não haver maior responsabilidade que está.
Por termos, desde os primórdios, um sistema eleitoral corrompido, soa utópico de minha parte trazer à baila estes questionamentos, porém, toda via, sou um sujeito inquieto, me encontrando no momento, consumido por estes pensamentos.
Acompanho minuciosamente há 20 anos campanhas políticas em Santa Cruz/RN, tempo suficiente para estar convencido que a mudança quase exclusivamente, só virá com o surgimento de uma “vontade popular.” É um erro achar que enfrentando o grupo situacionista com o mesmo modus operandi (derramando dinheiro) há de ter êxito. A casta do sistema local e o modus operandi foram moldados ao longo dos anos, o que faz com que os adversários estejam sempre um passo atrás, logo, ao exercitar o bom senso e a racionalidade observar-se-á uma incompatibilidade no uso do DINHEIRO como forma única de romper a casta. Sem a vontade popular e consciência do eleitor, os adversários do grupo dominante derramarão dinheiro, sem êxito ter.
Ao passo que compreendo não existir preço para o voto, bem como que o eleitor tem responsabilidade sobre suas escolhas, convoco os cidadãos de Santa Cruz a combater o bom combate. Sugiro ainda aos candidatos majoritários da oposição, grupo político que integro, a fazer o inverso do padrão estabelecido por estas bandas. Façam uma campanha de pé no chão, sem extravagância, sem corromper, apenas com um projeto político bem definido, capaz de direcionar Santa Cruz para um outro rumo, colocando, portanto, a responsabilidade na mão do eleitor.
Quem tem de mudar os destinos de Santa Cruz é o ELEITOR, não o dinheiro!
Por Marcos Silva
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