quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

SAUDADES E ESPERANÇA O que fazer? Por Dinamérico Augusto
























Razões, por demais convincentes, levaram-me a este texto. O sofrimento que as populações de Santa Cruz e da região passaram antes da construção da adutora oriunda da Lagoa do Bonfim, por si só, justifica tal iniciativa. 

Sim, jamais poderia falar da Adutora do Bonfim, sem que não lembrasse do seu ícone principal, Monsenhor Expedito Medeiros; salientando que, no dia 16 de janeiro, quarta-feira próxima passada, completaram-se vinte anos de sua partida à vida eterna, saudosamente. 

Entendo que todas as homenagens possíveis e imagináveis, tributadas a ele, são justas e indiscutivelmente merecidas. 

Lembrei-me, também, de que, em função da seriedade de problemas relacionados aos recursos hídricos, notadamente em nossa região, dada a sua gravidade, a primeira reunião para tratar do assunto, na sua urgência e objetividade, foi, exatamente, em Santa Cruz, sob a coordenação de Monsenhor Expedito, com a reconhecida autoridade que lhe era peculiar, somando-se à capacidade de que dispunha para falar do assunto, na sua especificidade. 

Naquela ocasião, a presença da coletividade santa-cruzense fora marcante, na condição inegável de principal interessada na realização do encontro, evidentemente, além das bancadas federal, estadual e municipal, sindicatos rurais e outras entidades da coletividade regional. 

Na verdade, a luta começara ali. À frente do Governo Estadual estava, à época, o Dr. Garibaldi Alves, que, decorrido algum tempo, após muitos esforços demandados pelos diversificados setores, legitimamente representativos da sociedade norte-rio-grandense, discursou sobre o assunto, para anunciar que tudo estava definido, em termos de alocação de recursos financeiros destinados à execução da obra (adutora), inclusive, acrescentando, naquela ocasião, que o dinheiro estava em “CAIXA”, ouvindo a conversa, como se diz popularmente, só que, enfatizou o Governador, os serviços pertinentes só teriam início após as eleições que se avizinhavam. 

Tal declaração, no caso, aliada aos rumores que já existiam de proposital adiamento da construção da adutora, deu motivo à afixação da faixa escrita, com o seguinte enunciado, como é sabido de todos: “Adutora sim, voto sim; adutora não, voto não.” 

Então, a famosa, oportuna e bendita faixa espantou de vez a inoportuna declaração governamental, de retardamento da obra, e, em consequência, os serviços foram iniciados no tempo hábil. 

Sabe-se, portanto, notoriamente, que a iniciativa da faixa de referência fora do saudoso Monsenhor Raimundo Gomes Barbosa, nosso pároco, que, diga-se de passagem, quando o real interesse coletivo estava em jogo, então, ele não brincava em serviço. A propósito, tenho a impressão de que Monsenhor Raimundo, naquela ocasião, contou com a perspicácia do amigo e jornalista Rosemilton Silva, nosso conterrâneo, de reconhecido talento profissional. 

Saudades e esperança há. Quem me dera que Monsenhor Expedito e Monsenhor Raimundo estivessem entre nós, à frente dos seus respectivos ministérios. Com certeza, as alegrias da festa de inauguração da adutora não teriam cessado. Foram momentos inesquecíveis. Acredito que nem mesmo o tempo nem sua fluição farão perder a vitalidade. 

Aquela emoção, na sua dimensionalidade, se incorpora à memória e à personalidade de todos nós santa-cruzenses. 

Deveras, são inesquecíveis as saudades dos Apóstolos das Águas: o de São Paulo do Potengi, Monsenhor Expedito, e o de Santa Cruz, Monsenhor Raimundo, cujos sentimentos nobres estão sendo revezados pelos sentimentos constrangedores da constante falta d’água nas torneiras da cidade-santuário, quase que cotidianamente. 

Saudades e esperança. Nossa esperança reside agora, mais do que nunca, na força das nossas orações elevadas aos céus, continuamente. Já temos Santa Rita e, futuramente, quem sabe, outro Santo Expedito, cuja documentação pedindo a abertura do processo de beatificação foi entregue ao Arcebispo D. Jaime, na missa que marcou as homenagens à memória de Monsenhor, pelo padre Ramos, recentemente, com aquela finalidade. 

Que Santa Rita continue nos ajudando, doravante coadjuvada pelos Apóstolos das Águas, todos no céu, com a Graça de Deus, que é infinitamente maior e mais bela que a sabedoria dos homens! Alguém já disse: “A grandeza da condição humana se nutre pela fé, esperança, fraternidade e harmonia; atributos indestrutíveis, que habitam no coração e consciência de cada homem bom e de bem". 

Até o próximo! Um abraço!



Santa Cruz/RN, 22 de janeiro de 2020.
Dinamérico Augusto de Medeiros


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