O Aliança pelo Brasil, novo partido que o presidente Jair Bolsonaro tenta criar, ainda não conseguiu o registro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e tem enfrentado dificuldades para se concretizar.
Para ter o registro aprovado e poder disputar eleições, o Aliança precisaria ter coletado a assinatura de 491,9 mil eleitores – que devem ter firmas reconhecidas em cartório -, de no mínimo nove estados.
Dados do Tribunal Superior Eleitoral mostram que o partido já apresentou mais de 80 mil fichas assinadas, mas apenas 15.595 foram aprovadas, até o dia 2 de julho.
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Segundo levantamento do TSE, das assinaturas apresentadas consideradas inaptas, 76,8% foram pelo fato de o apoiador estar filiado a outra legenda.
Depois dos filiados, o segundo principal motivo para invalidação de apontamentos do Aliança pelo Brasil, que ocorre em 11,7% dos casos, é o estado informado na ficha de apoio ser diferente do estado onde o eleitor tem seu título cadastrado.
Segundo o tribunal, há casos de apoiamento já registrado (5,6%) e de pessoas com o título de eleitor cancelado (2,8%).
Ainda aparecem sete casos de eleitor que morreu e problemas menos frequentes como assinatura ou nome do eleitor divergentes e zona eleitoral incorreta.
Há ainda a dificuldade por conta das medidas de isolamento impostas devido ao novo coronavírus que impediram a realização de eventos de filiação pelo país.
Mas, apesar dessas restrições, o Aliança pelo Brasil ainda continua recebendo fichas pelos Correios.
Além disso, o partido argumenta que o número de fichas de apoio já coletadas “não se revela” com o que há no sistema do TSE.
Em entrevistas, dirigentes do partido afirmaram que a meta de assinaturas já foi superada. As fichas ainda estariam sendo cadastradas no TSE para análise e validação.
Para as eleições municipais de 2020, porém, não haverá tempo para que o Aliança participe, mesmo com o novo calendário.
A legenda também espera que, por causa da pandemia da covid-19, o TSE aumente o prazo de dois anos para os partidos em fase de criação conseguirem os apontamentos necessários.
Inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que apura atos antidemocráticos também poderão ter consequências na criação do Aliança pelo Brasil.
Integrantes do partido estão sendo investigados por financiamento e divulgação de manifestações que pedem um golpe militar com o fechamento do Congresso e do STF.
Um dos alvos de operação da Polícia Federal que cumpriu mandados de busca e apreensão contra 29 pessoas ligadas a Bolsonaro, o empresário e advogado Luís Felipe Belmonte é atual vice-presidente do Aliança.
O empresário reagiu com indignação à ação da PF.
“Estão fazendo isso por quê? Porque eu sou um dos organizadores do partido do presidente da República? Eu acho meio estranho isso”, disse.
A investigação também mira o marqueteiro da legenda, o publicitário Sérgio Lima. A empresa dele é suspeita de receber dinheiro público de parlamentares com a contratação de serviços de publicidade, mas que os recursos, na verdade, estavam sendo usados no financiamento de atos antidemocráticos.
Até fevereiro, a empresa de Sérgio Lima, a Inclutech, era uma companhia de cosméticos, aberta em 2011. A atividade econômica foi alterada para prestar serviços ligados à tecnologia da informação e publicidade, de acordo com cadastro junto à Receita Federal.
“Estão querendo criar uma narrativa”, afirma Lima. “Faço principalmente monitoramento de redes sociais. Apareci porque sou um elo entre os deputados”, disse.
A advogada Karina Kufa, tesoureira do Aliança pelo Brasil, afirmou que se algum membro do partido estiver envolvido em financiamento de atos antidemocráticos contra qualquer instituição será expulso.
O Aliança pelo Brasil foi idealizado após uma crise interna no PSL, ex-partido do presidente. O racha gerou uma divisão em duas alas: a bolsonarista, ligada ao Palácio do Planalto, e a bivarista, fiel ao presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE).
Com a criação do novo partido, ao menos 24 deputados devem deixar o PSL.
Enquanto isso, nomes ligados diretamente ao presidente Jair Bolsonaro buscaram abrigo em outra legenda: o Republicanos, partido também do prefeito do Rio, Marcelo Crivella, e que faz parte do chamado Centrão.
A alternativa foi escolhida pelo senador Flávio Bolsonaro (RJ), pelo vereador Carlos Bolsonaro (RJ) e pela ex-mulher do presidente, Rogéria Nantes Bolsonaro – mãe dos três filhos mais velhos de Bolsonaro.
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