quinta-feira, 25 de maio de 2017

Decreto de Temer aumenta instabilidade no Exército, comandante fala em “muita insegurança”.

O Exército e o Conjunto das Forças Armadas vinham sendo um setor poupado da crise que atravessa todas as instituições do Estado capitalista. Isso tem mudado, como noticiamos recentemente. Com o decreto de Garantia da Lei e da Ordem, colocando o exército na rua em Brasília por uma semana Temer terminou de jogar a caserna na crise política.

Antes limitadas a declarações de oficiais na reserva, as Forças Armadas condecoraram Moro e Luciana Huck recentemente dando pistas de apoiarem setores que defendem uma “renovação da política”. No entanto ao estourar a crise da delação da JBS, o Exército fez barulhentas declarações de apoio a Temer, tanto barulho que pareciam mais um sinal interno do que um apoio verdadeiro. Essa dúvida que expressamos em nota do dia 19 ficou consumada com as declarações do comandante máximo da força verde-oliva.

O general Eduardo da Costa Villas Bôas, afirmou nesta quarta-feira, 24, que o clima no comando da instituição e no Palácio do Planalto é de "consternação, de choque e de preocupação. Muita incerteza e muita insegurança até que as coisas se definam", disse o general, que deu uma palestra sobre defesa nacional na Fundação Fernando Henrique Cardoso ao lado do ex-presidente da República.

Todo um fato que em um dia como hoje o comandante do exército tenha estado em evento público com a liderança do PSDB que mais tem sinalizado o pedido de renúncia de Temer e é ele mesmo “presidenciável” nas eleições indiretas. Chama atenção também a frase "até que as coisas se definam". O exército, tal como Janot e o Globo estaria pressionando pela renuncia para que venha um novo garantidor das reformas e da "ordem"?

O comandante comentou ainda o decreto do presidente Michel Temer nesta quarta-feira autorizando o uso das Forças Armadas na capital federal até o dia 31 de maio, após manifestações causarem confrontos em Brasília e provocarem depredação e incêndio em alguns ministérios. O militar garantiu que as Forças Armadas iriam agir respeitando a Constituição e garantindo a democracia.

"Tanto as forças de segurança pública quanto as Forças Armadas estão empenhadas na preservação da democracia, na observância da Constituição e no perfeito funcionamento das instituições nacionais, a quem cabe encontrar o caminho para a solução dessa crise. Mas a nossa democracia não corre risco."

Essa declaração atende a dois objetivos, reafirma que o Exército só aceita eleição indireta (“respeito à Constituição”), bem como responde às cobranças públicas que o general tem recebido no facebook por “intervenção militar”.


A politização do alto mando do exército e seus comentários sobre a política nacional ao contrário de oferecerem um esteio de calma nessa crise só aumentam a politização, divisão nessa instituição e agregam tensões na crise nacional não mais somente dentro das casernas mas agora nas ruas do Distrito Federal graças a Temer.

Esquerda Diário



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