Em troca de apoio à reforma da Previdência, Michel Temer distribui bondades com o chapéu do contribuinte. Refinanciou a dívida de prefeituras e Estados inadimplentes com o INSS. Prepara-se para servir o mesmo refresco ao agronegócio, que acumula uma dívida bilionária no Funrural. De quebra, negocia um novo Refis, espécie de bolsa sonegador. Tudo lindo. Mas esse movimento ofende o brasileiro que acaba de entregar o seu Imposto de renda. E perpetua a indústria da sonegação.
O discurso oficial é arrumadinho. Pergunta-se: por que não estender a mão a contribuintes que se dispõem a pagar o que devem? O diabo é que são poucos os que querem pagar. A maioria adere ao parcelamento para receber uma certidão negativa. Recupera a condição de firmar convênios e contratos com o governo, além de obter financiamentos de bancos oficiais. Depois, volta a sonegar. E passa a fazer lobby pelo próximo parcelamento.
Considerando-se apenas os parcelamentos batizados de Refis, foram lançados 27 desde o ano de 2000. Um deles foi comprado pela Odebrecht por R$ 50 milhões. Criaram-se dois guichês na Receita. Num, são tosquiados os brasileiros e as empresas que fazem papel de idiotas pagando seus tributos em dia. Noutro, sonegadores poderosos, privados e estatais, são brindados com o perdão de parte dos juros e das multas e parcelam suas dívidas a perder de vista.
JOSIAS DE SOUZA
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