Clarice Castro/Secretaria Especial do Desenvolvimento Social |
A quantidade de pessoas recebendo benefícios do Bolsa Família diminuiu em 590 mil no primeiro ano de Jair Bolsonaro (sem partido) na Presidência da República. Em janeiro de 2019, havia 13,760 milhões nomes na folha de pagamento do programa e em dezembro o valor caiu para 13,170 milhões. A queda corresponde a 4,3% do total de usuários.
Para chegar ao valor, o (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, calculou a quantidade de Números de Identificação Social (NIS) únicos nas folhas de pagamento do Bolsa Família, disponibilizados no Portal da Transparência.
Quase meio milhão de pessoas, em média, esperaram na fila do programa no ano passado. Mas de acordo com o Ministério da Cidadania, a lista se encontrava perto de zero no fim do governo de Michel Temer. Ou seja, a quantidade de beneficiários caiu, enquanto aumentou o número de brasileiros que precisam do auxílio e esperam o sinal verde para receber o dinheiro. “É importante ressaltar que o Bolsa Família apresentou, durante todo o governo do PT, fila de espera para entrada no programa”, respondeu a pasta por meio de nota.
A queda de beneficiários e o aumento da fila de espera mostram “um propósito do governo”, apontou o professor do departamento de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), Aninho Irachande.
“O governo declarou, através do seu ministro da Economia, que a diminuição da desigualdade social não está entre os objetivos desta gestão. O Bolsa Família tem como propósito justamente isso, dar renda para os mais carentes enquanto eles se preparam para caminhar com as próprias pernas”, disse.
De acordo com o Ministério da Cidadania,”nos últimos meses, houve redução no número de inclusões de famílias, o que deve ser normalizado com a conclusão dos estudos de reformulação do Bolsa Família”.
Irachande questiona a lógica do governo em diminuir o número de beneficiários em um momento em que a economia cresce pouco. “No Brasil, o efeito do Bolsa Família já está calculado a partir de vários estudos. Uma das principais pesquisas é a do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrando que cada real dado ao beneficiário gera um efeito de R$1,6 na economia”, apontou.
“O atual governo percebe mal o programa, pensa só na transferência de renda e esquece do efeito multiplicador na economia”, concluiu.
A diminuição de beneficiários não foi dividida igualmente entre os municípios brasileiros. Em 1.085 municípios, a baixa foi de 10% ou mais do total de usuários que recebiam os recursos no início de 2019. Por outro lado, em 606 municípios houve aumento na quantidade de pessoas cadastradas.
Em números absolutos, a maior queda de beneficiários aconteceu em São Paulo. O ano passado terminou com 67,3 mil pessoas a menos do que o início de 2019. A baixa representa 14,5% do total de pessoas da cidade inscritas no programa em janeiro do último ano. No Distrito Federal, a quantidade passou de 68,9 mil para 66,7 mil, uma diminuição de 3,2%.
Metrópoles
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