Para não dizer que não falei das flores esperei por dois meses alguma proposta da Secretaria Municipal de Cultura em favor da classe artística do nosso município, para só então, tecer algumas críticas.
Com a triste chegada da COVID-19 em solo Potiguar e, consequentemente, em Santa Cruz, levando nossos gestores a tomar medidas duras para resguardar vidas, decretando, na oportunidade, o isolamento social, a classe artística foi a primeira a parar e, será, por obvio, a última a voltar.
Os eventos artísticos, 99%, são realizados para um público considerado de pessoas, daí, a afirmação de que a classe artística será a última, sem qualquer previsão, a ter restabelecida a normalidade de suas vidas no tocante o desenvolvimento de suas atividades, ou seja, quando começar o relaxamento, os artistas ainda sofrerão muito para puder atuarem, isso, aqueles que sobreviverem a doença ou a fome, ocasionada não pela crise econômica, mas pela inércia do poder público e da sociedade que insistem em não enxergar os fazedores da cultura, sobretudo da cultura popular como seres vivos, de carne e osso, sujeitos também ao direito de políticas públicas.
E é justamente por falta histórica de uma “política pública” para a cultura que devemos perguntar: para que serve a Secretaria Municipal de Cultura de Santa Cruz? De certo, a Secretaria de Cultura não pode servir como cabide de empregos para sustentação política.
Sou um entusiasta da existência de uma Secretaria Municipal de Cultura em nossa cidade, mas de igual forma, sou um crítico da inércia dos gestores que por ela passaram ou se encontram.
É bem verdade que, se a classe artística de Santa Cruz dependesse de uma política pública de cultura para sobreviver, não existiria. Os artistas estariam, quando muito, a sete palmos do chão.
Os gestores que passaram ou estão na secretaria parecem desconhecer o significado de uma política pública cultural. As ações da secretaria de cultura resumem-se, historicamente, por ano, há um edital de carnaval, para os blocos carnavalescos e um edital de São João, para grupos juninos, diga-se de passagem, com valores mínimos. Não é possível que uma secretaria de cultura em um município do porte de Santa Cruz não tenha nada mais a oferecer aos seus artistas. Ao que parece, não tem, lamentavelmente.
Tenho ciência de que a Secretaria de Cultura não dispõe de recursos próprios, o que dificulta suas ações, verdade, toda via, o fato de não ter recursos próprios não significa dizer que eles não existam. Há de ter recursos no próprio executivo municipal, estadual, federal, empresas, pessoas físicas, emendas parlamentares, que podem ser destinados a cultura.
Não estamos vivendo dias normais, desta feita, não pode a secretaria de cultura agir como se nada tivesse acontecendo. Se antes, a não existência de uma política pública cultural não fazia falta aos artistas, agora, pode ter certeza que o impacto é devastador para esses seres vivos.
O que tem a secretaria municipal de cultura de Santa Cruz a oferecer a nossos artistas, nada?
Sugestões à Sra. Secretária:
– Captar recursos do executivo municipal para o Fundo Municipal de Cultura;
- Tentar recursos do Fundo Estadual de Cultura, para ser destinado ao Fundo Municipal de Cultura;
- Tentar viabiliza uma política de linha de crédito para os artistas;
- Tentar recursos do Fundo Nacional de Cultura, para ser destinado ao Fundo Municipal de Cultura;
- Articular emendas parlamentares para ser aplicadas em política cultural; e
- Viabilizar junto ao executivo municipal a isenção de tributos municipais a classe artística nesse período de pandemia.
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