quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

COLUNA: A FALTA DE APOIO DESFARÇADO SOB O RÓTULO DE GUERREIRAS POR AMANDA OLIVEIRA

 


Talvez esse fosse um assunto para deixar para depois. Com mais tempo discutiríamos sobre isso, abriríamos uma roda de conversa e jogaríamos na mesa todas as aflições, as críticas e os medos que nos perseguem. Uma roda de conversa apenas com elas: as mães atípicas. Aquelas que são reverenciadas com três tapinhas nas costas e que lidam todos os dias com a falta de apoio disfarçado sob o rótulo de guerreiras.

Mas não, decidi puxar a cadeira e falar sobre isso hoje! E não apenas com a nossa presença… Das ilustres mães especiais, que não cansam nunca e que foram escolhidas (contém ironia). Não somos especiais, não fomos escolhidas e principalmente não somos de ferro! Nos frustramos, nos sentimos sobrecarregadas e em alguns momentos queremos só gritar. Mas principalmente, queremos falar sobre o nosso cansaço e sobre a parte que dói, sem que seja colocado em teste o amor pelos nossos filhos. E como eu gostaria de escrever uma realidade diferente, uma história mais empática e falar mais sobre abraços e ombros amigos. Mas na verdade, o que temos é a realidade de nos depararmos com um turbilhão de informações, questionamentos, dedos apontados, e incrivelmente, apontados por tantas outras mães que não estão isentas da dor, nem do cansaço, muito menos da falta de empatia. Porque tem que ser assim, se quando o mundo todo nos dar as costas deveríamos nos apoiar umas nas outras? Cada maternidade é única, mas estamos todas conectadas! Que saibamos nos olhar com mais apoio e amor.

Imaginem como seria a sua vida, se sua rede de apoio não existisse apenas na teoria e se ela funcionasse na prática? Imaginem como seria se a empatia, o verdadeiro reconhecimento e a ajuda, ultrapassassem os comentários nas redes sociais e entrassem na sua casa? Eu imagino. Seria mais leve, seria diferente. Que sejamos fortes, porque realmente somos, mas não precisamos ser rocha o tempo todo. Que tenhamos acesso aos direitos, ao acolhimento necessário e que a nossa saúde e o nosso cuidado também sejam motivos de luta. Que as pessoas enxerguem as crianças autistas, mas que também olhem para seus pais.

A maioria das pessoas estão por aí nos colocando em uma posição de fortaleza, nos esperando aparecer intactas e fortes o tempo todo, esquecem do ser mãe, esquecem do ser humano. Mas sempre podemos ajudar e sermos gentis com as mães atípicas que encontramos por aí. Por isso, quando o mundo todo não se importar seja uma mãe que acolhe outras, seja apoio da forma que puder. E que sejamos todas teias, pois quando uma teia se rompe em algum ponto ela continua firme, não se fragmenta.

Por último, quero fazer uma pergunta: O que você tem feito para cuidar de quem cuida? Afinal, essa conversa é sobre todas nós!








Um comentário: