quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

COLUNA: O AUTISMO, SEUS SINAIS DE ALERTA E A NOSSA PRESSA. POR AMANDA OLIVEIRA









Lembro como se fosse hoje quando comecei a perceber os sinais de autismo em Benjamim, ele era só um bebê. Um bebê com 10 meses de idade que nunca fez contato visual comigo enquanto amamentava e não gostava de muito contato físico. É nesta fase da vida do bebê que ele começa a responder quando é chamado, a gente começa a chamar pelo nome ou emitir algum som esperando que o bebê venha ao nosso encontro. No caso de Benjamim, ele não respondia, não emitia nenhum som e não se direcionava para nós, ignorando completamente, como se não tivesse ouvido nada. O que para muitas pessoas era apenas o momento de soltar a frase clássica “Cada criança tem seu tempo”, para mim, eram sinais claros de que alguma coisa precisava ser feita e que aquele era o momento certo para ser a mãe que o meu filho precisava.

Frases como: “Ah, mas ele só um bebê ainda vai se desenvolver.” “Não arrume doença para o seu filho.” “Você acha mesmo que ele é Autista, será que você não está exagerando?". E estas são só algumas das coisas que ouvi ao ser tachada de louca por ver o que ninguém mais via, por sentir o que ninguém mais sentia e fazer o que ninguém mais poderia fazer, que era aprender sobre Autismo e travar uma luta incansável por assistência e direitos. Às vezes as pessoas falam tanto, que nosso consciente acaba se perguntando se elas realmente estão certas e tudo não passa de um equívoco, mas aí eu olhava para o meu filho e conseguia enxergar coisas que não são vistas a olho nu e que só se enxerga com sentimento, coisas de intuição materna mesmo! Como aquela frase clássica do Pequeno Príncipe: “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”. Acho que nada melhor para poder traduzir essa conexão e esse amor entre Benjamim e eu. Acredito hoje que o que me moveu e o que nos trouxe até aqui foi a minha vontade de caminhar com ele e de cumprir com maestria o meu papel de mãe. Porque eu sempre soube, eu sempre senti e eu sempre aceitei que meu filho é Autista!

E eu fico me perguntando, se eu tivesse dado ouvidos a tantas falas de críticas, suposições e achismos, onde estaríamos agora? Nós teríamos perdido tanto tempo, teríamos deixado escapar tantas coisas e com certeza, a criança que Benjamim é hoje não existiria, e a mãe que eu sou hoje jamais teria nascido. Porque um diagnóstico de Autismo é isso: Renasce um filho e junto com ele renasce uma mãe. A gente muda e vai se fortalecendo, criando recursos e aprendendo, por isso, hoje esse texto é para você que está aí no mesmo lugar que eu estive um dia, cheia de dúvidas e ouvindo diversas coisas que sequer devem ser ditas para uma mãe. Esse texto cheio de relatos e emoções é para você, que olha para o seu bebê e sente que tem alguma coisinha que precisa ser investigada e que sabe que algo precisa ser feito. Então faça! Investigue, procure ajuda, tire todas as suas dúvidas e seja para o seu filho a mãe que ele precisa. Ninguém peca por investigar e como eu sempre digo: Ninguém conhece um filho melhor que uma mãe. E acreditem, um diagnóstico precoce faz toda a diferença e salva uma vida inteira

No mais, esse texto também é um agradecimento ao papai de Benjamim, meu companheiro que nunca soltou nossas mãos, que nunca subestimou as várias “luzinhas azuis” que acendiam dentro da nossa casa e que nunca duvidou da minha intuição materna. Seguimos nos aventurando nesse universo com muito amor, ensinando e aprendendo todos os dias. O texto de hoje também tem uma missão, lembrar a você que quanto mais cedo o Transtorno do Espectro Autista for descoberto, mais cedo os estímulos poderão ser dados e a qualidade de vida do seu filho(a) será muito maior! Abrace essa causa. Aceite e acolha o seu filho(a).







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