Agulhas não são novidade na vida de quem é diabético. Injeção de insulina, verificação de glicemia, é uma rotina que envolve perfurações. Mas imagine se elas pudessem ser substituídas por xícaras de café? É exatamente nisso que cientistas suíços estão trabalhando: eles criaram um implante celular que libera medicação para diabéticos quando detecta cafeína no sangue.
Para que essa façanha fosse possível, pesquisadores suíços usaram biologia sintética: eles modificaram células humanas, tornando-as capazes de produzir uma substância usada como medicamento para diabetes, a GLP-1. Ela estimula a produção e secreção de insulina (hormônio que “tira” a glicose do sangue e “coloca” dentro das células) pelo pâncreas, além de inibir o glucagon (hormônio com função contrária à da insulina) quando está numa situação de hiperglicemia.
O implante é composto de milhares de cápsulas semelhantes a gel, cada um contendo centenas de células modificadas. Essas células possuem em seus genes um comando que detecta moléculas de cafeína presentes no sangue. Quando isso ocorre, elas reagem fabricando o GLP-1.
Se isso se tornar viável, vai revolucionar a vida de milhares de pessoas. No Brasil, por exemplo, bastaria manter o costume de tomar café depois das refeições para ter a diabetes controlada. E as pesquisas são animadoras: testes em ratos mostraram que o implante sob a pele pode ser estimulado pela cafeína presente em café, chá ou bebidas energéticas. Ou seja, até um coadinho feito em casa tá valendo. E o melhor: se for necessário aumentar a dose de medicamentos, basta simplesmente tomar um café mais forte (com mais cafeína).
Para testar as quantidades de cafeína que as células detectavam, os cientistas usaram diferentes tipos de café, chás de ervas e até milkshakes. Esses dois últimos, como esperado, não tiveram efeito algum, mas todo o resto testado (até um shot do Starbucks) fizeram as células implantadas produzir GLP-1. Claro, em quantidades variadas, de acordo com o teor de cafeína de cada bebida.
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