Quando os casos de coronavírus começaram “oficialmente” a serem diagnosticados no Brasil, em fins de fevereiro, o país já sabia como o vírus estava se propagando em outros países da Europa e Ásia, tendo parâmetros de como ele se dissemina e se manifesta. Já sabia, inclusive, que atitudes de setores da política e iniciativa privada da Europa, por exemplo, de se preocupar mais com a economia do que com a saúde das pessoas, com campanhas de retomada das atividades comerciais em meio ao avanço do contágio, trouxeram impactos nefastos aos números de contaminados e mortos.
Diante desse contexto, o Brasil teria, e tem, condições de evitar uma tragédia maior, visto que já estamos diariamente a contabilizar os mortos e contaminados. Mesmo assim, um fato político acrescentou um elemento problematizador nesse cenário: o desgaste e a queda de popularidade do ocupante do cargo de chefe do executivo nacional, Jair Messias Bolsonaro. Um despreparado e um nanico político, Bolsonaro vinha a ser considerado um dos piores líderes na condução do combate à pandemia do coronavírus.
Diante de tal cenário, Bolsonaro, a partir de seu trágico discurso proferido em rede nacional no dia 20 de março, passou a inserir uma pauta política em meio ao enfrentamento da pandemia, qual seja: sua sobrevivência política. Enquanto setores de seu próprio governo buscam trabalhar em consonância com órgãos científicos e de saúde, como a OMS, harmonizando ações e diálogo com estados e municípios, o presidente lançou o antagonismo político em meio à situação. Antagonismo diz respeito a uma oposição exacerbada, à rivalidade sem moderação.
Ao atacar o isolamento social e defender a retomada de atividades comerciais e públicas, indo na contramão das orientações de seus próprios ministros e de governadores, além de órgãos como a Organização Mundial de Saúde, Bolsonaro busca trazer seus apoiadores para junto de si com estratégia semelhante ao da campanha, jogar uns contra os outros, atribuir problemas existentes a figuras ou grupos de pessoas. Com isso, passa a agir politicamente em benefício próprio, tentando desesperadamente sobreviver, a revelia do engajamento na luta contra o avanço do coronavírus.
Assim, a atitude de algumas pessoas de promover carreatas pedindo a reabertura do comércio, de pessoas defendendo o fim do isolamento social, ou não evitando aglomerações e não respeitando medidas de proteção como uso de máscaras, dentre outros, são, em parte, uma resposta política ao chamado do presidente. Sabe-se que o momento é de evitar aglomerações, de se evitar ao máximo sair de casa. Quem necessita sair, não podendo abrir mão de tal expediente, que o faça adotando recomendações sanitárias, evitando contatos com pessoas e objetos, usando máscaras e, principalmente, se higienizar constantemente, a exemplo de lavar as mãos regularmente.
A demanda política do malfadado ocupante do cargo de chefe do executivo nacional lançou mais um obstáculo na luta contra o avanço do covid-19 no Brasil.
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