O governo já admite que estados e municípios devem ficar de fora da reforma da Previdência . A avaliação é que os governadores que apoiam a ideia não têm força para conseguir votos que assegurem a aprovação do texto. Além disso, estados comandados por partidos da oposição, como Bahia , Pernambuco e Maranhão , não se comprometeram com a defesa das mudanças nas regras de aposentadoria.
A exclusão dos estados da proposta pode agravar ainda mais o quadro de crise fiscal dos governos regionais. O déficit dos regimes dos estados subiu de R$ 47,4 bilhões em 2014 para R$ 88,5 bilhões em 2018.
O imbróglio envolvendo os estados, combinado com pressões de partidos do centrão para incluir mudanças na reforma e com a demora do governo em liberar verbas prometidas em troca de apoio, pode atrasar ainda mais a leitura do voto final do relator da reforma, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), na Comissão Especial que analisa a proposta. A leitura, que estava originalmente marcada para a semana passada, foi transferida para hoje, mas ainda corre risco de novo atraso. Isso poderia jogar a votação no plenário da Câmara para depois do recesso parlamentar, marcado para começar em 18 de julho.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), passou o dia de ontem em reuniões com líderes, representantes do Ministério da Economia e com Moreira para negociar a situação dos governos regionais. As negociações continuaram na noite de ontem, e já está marcado para a manhã de hoje um encontro com governadores para voltar ao assunto. Os técnicos da área econômica estão preocupados com a demora, pois, quanto mais tempo a reforma demorar, pior ficará o humor do mercado financeiro. E isso atrasaria ainda mais a retomada da atividade econômica.
Também falta entendimento entre os líderes dos partidos sobre os procedimentos da votação na comissão. Para acelerar a tramitação, seria preciso retirar destaques ao texto que atrasam o andamento no colegiado. A ideia seria que os destaques fossem apresentados somente na votação da matéria no plenário, mas não há acordo. Diante desse cenário, ganha força um movimento de empurrar a votação da proposta no plenário para agosto.
O GLOBO
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