“Sou favorável à tortura, você sabe disso”, foi a declaração que o atual presidente da república deu a um programa de entrevistas em 1999. Muito tempo passou, e no mais alto cargo da democracia brasileira encontra-se esse mesmo CANALHA que destila preconceito, racismo e xenofobia na forma de discurso de ódio.
Ontem tomou as redes e os noticiários a declaração estúpida do Bolsonaro, na qual diz “Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, conto pra ele”. Felipe Santa Cruz, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) é filho de Fernando Santa Cruz, desaparecido político desde 1974.
Apesar de chocante, essa declaração não foge do que é o perfil de Bolsonaro, que deu declarações se mostrando favorável à Ditadura Militar, inclusive fazendo homenagens a torturadores. Em menos de 6 meses o (des)governo já mostrou a que veio, em junho o presidente extinguiu o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, órgão ligado ao Ministério Público que é responsável por promover fiscalizações e produzir relatórios sobre violações de direitos humanos e casos de tortura.
Em resposta às declarações, Felipe Santa Cruz fez uma carta pessoal destinada a amigos e familiares, na qual afirma que Bolsonaro “deixa patente seu desconhecimento sobre a diferença entre público e privado, demonstrando mais uma vez traços de caráter graves em um governante: a crueldade e a falta de empatia”. Felipe disse ainda que irá acionar o STF para que o presidente esclareça as afirmações.
Em entrevista ao portal Saiba Mais, João Arthur Santa Cruz, irmão do desaparecido político Fernando Santa Cruz e tio do presidente da OAB Felipe santa Cruz, afirmou que seu irmão “saiu para se encontrar com um amigo, no Rio de Janeiro, e desse encontro desapareceu”. João Arthur afirma que a família entrará com um processo em resposta às declarações do presidente, sobre as quais Arthur afirma “Ele [Bolsonaro] está cometendo um dos maiores crimes de omissão. Ele deveria dizer [o que sabe] ao Supremo Tribunal Federal, à nação”.
“Fernando era da Ação Popular Marxista-Leninista, uma ação que era ligada à Igreja Católica. Ele nunca pegou em armas, nunca participou da luta armada. Ele era um estudante que sonhava por um país mais justo; que reclamava da situação do país no bandejão da Universidade”, explica João Arthur.
Após a repercussão negativa da primeira declaração, Bolsonaro volta a falar do caso, dessa vez afirmando que Fernando Santa Cruz foi morto pela Ação Popular do Rio de Janeiro, grupo caracterizado como terrorista pelo presidente. Mais uma vez Bolsonaro mente, já que relatórios da Comissão da Verdade esclareceram que a vítima foi morta pelo Estado, e documentos da Marinha e Aeronáutica comprovam isso.
Essas declarações de Bolsonaro além de não fazerem jus a sua condição de presidente e ferirem a Constituição, são totalmente desumanas, uma vez que desrespeitam a família Santa Cruz. Elzita Santa Cruz, mãe de Fernando, passou 45 anos à procura de esclarecer a morte de seu filho, faleceu recentemente sem ter essa resposta, não antes de deixar sua indignação imortalizada no livro “onde está meu filho?” e em diversas cartas a ministros, generais e presidentes na esperança de esclarecer esse crime.
Nada mais justo que encerrar essa coluna com um trecho de uma das suas cartas: “É justo, é humano, é cristão que um órgão de segurança encarcere, depois de sequestrar, um jovem que trabalhava e estudava, sem que à sua família seja dada qualquer informação sobre o seu paradeiro e as acusações que lhe são imputadas? Que direi ao meu neto quando jovem for e quando me indagar que fim levou o seu pai, se ele não tiver a felicidade de ver seu regresso? Direi que foi executado sem julgamento? Sem defesa? Às escondidas, por crime que não cometeu?”
Por Ramon Luduvico
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