sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Boi Calemba e Congos de Combate viram patrimônio cultural imaterial de São Gonçalo do Amarante

 

Dois dos mais tradicionais grupos culturais de São Gonçalo do Amarante foram reconhecidos oficialmente como patrimônio cultural imaterial do município, o centenário Boi Calemba Pintadinho, do mestre Dedé Verissimo, e o Congos de Combate, de Santo Antônio do Potengi.

As leis 1.959 e 1.960 foram sancionadas pelo prefeito Paulo Emídio, após aprovação da Câmara Municipal, e publicadas no Jornal Oficial do Município (JOM), nesta quarta-feira 10.

A cidade Berço da Cultura Popular do Rio Grande do Norte da mais um passo para perpetuar esses grupos, que fazem parte da história e identidade de São Gonçalo do Amarante”, destaca Abel Neto, presidente da Fundação Cultural Dona Militana.

Boi-Calemba

O “Boi-Calemba” é a versão potiguar do “bumba meu boi”. Também conhecido como Boi de Reis, é um auto popular que trata da morte e ressurreição de um boi. É composto por “enfeitados” e “mascarados”, divididos em Mestre, Galantes e Damas. Executando cantigas antigas, eles fazem a coreografia ao som da rabeca. O figurino é enfeitado com fitas coloridas e espelhos, proporcionando um interessante efeito visual. Os mascarados representam a parte cômica da dança. O trio formado por Birico, Mateus e a Catirina se apresentam usando roupas vermelhas, rostos pintados e se utilizam dos gestos e paródias dos galantes. Outras figuras integram a apresentação como a Burrinha, o Jaraguá e o Boi. Os instrumentos utilizados são a rabeca, o pandeiro e alguns instrumentos de corda, podendo ser substituídos pela sanfona.

Em São Gonçalo do Amarante-RN, o Grupo Boi Calemba Pintadinho é um dos grupos mais tradicionais do Rio Grande do Norte, possuindo mais de 100 anos de existência.

Congos

O congo é uma prática africana que foi adaptada no Brasil pelos escravos e filhos de escravos, que reúne não só elementos temáticos africanos, mas também ibéricos, cuja difusão vem do século XVII. No Brasil, os missionários católicos conseguiram conservar estas danças guerreiras e batizaram-nas introduzindo elementos do cristianismo. Os escravos, que na sociedade colonial constituíam-se simples instrumento de trabalho, tinham, graças à influência da igreja, a permissão de comemorar certos dias do ano, com festas, estes dias eram comemorados com a congada, permitida pelos patrões e pela igreja. A dança era incentivada pelas autoridades para manter a ordem nas senzalas. É que os negros se confortavam em assistir seus reis representados nas congadas. Não se tem ideia em que região brasileira surgiu à congada.

Representam uma “Embaixada da Rainha Ginga”, soberana africana ao Rei Cariongo seu irmão, cujo objetivo principal é o trânsito das tropas da rainha pelas terras do rei, resultando na morte do príncipe, filho dele.

Em São Gonçalo do Amarante, o “Congos de Guerra” é um grupo folclórico de Santo Antônio do Potengi remanescentes dos antigos Congos de Saiote, também do município.

Os Congos contam a história de uma batalha entre as hostes guerreiras de dois soberanos africanos, o rei Henrique Cariongo e sua famosa irmã, a rainha Ginga.

Os cantos são diversos e a indumentária varia de acordo com a criatividade, praticamente feita na base da improvisação. Os personagens principais são o rei Cariongo, o príncipe Sueno, seu filho, o secretário do rei, o embaixador da rainha Ginga, além dos soldados de Cariongo e de sua irmã, aproximadamente quinze brincantes. O repertório musical inclui marchas guerreiras, benditos e outras cantigas. O núcleo dramático é praticamente todo o auto: o combate entre os dois monarcas. A dança é acompanhada pela rabeca, violão, pandeiro, triângulo e agogô, tornando o folguedo uma grande festa.

Agora RN



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