Na reta final, a CPI da Arena das Dunas ganhou um novo capítulo com a revelação de que parte de seus integrantes desistiram da aprovação do requerimento para celebração de delação premiada, que poderia revelar indícios do envolvimento da ex-governadora Rosalba Ciarlini (PP) em irregularidades no contrato firmado. A informação, passada com exclusividade ao Agora RN pela deputada Isolda Dantas (PT), revelaria a parcialidade nas investigações conduzidas pela CPI, que tem como integrantes os deputados Kleber Rodrigues (PL), Tomba Farias (PSDB), Subtenente Eliabe (Solidariedade) e Coronel Azevedo (PSC), presidente da Comissão.
Segundo Isolda, o requerimento de firmação da delação premiada foi aprovado durante sessão gravada da CPI, pois os integrantes desta ainda não sabiam quem eram os delatores, nem que eles poderiam denunciar a ex-governadora Rosalba Ciarlini. Ao serem informados disto, os parlamentares recuaram em suas decisões e, em reunião administrativa secreta, votaram pela reprovação do pedido de delação.
“E agora, mesmo que eu recoloque (a petição), será reprovado novamente. Existem vários processos no TJ-RN, inclusive em curso, que ocasionaram a Operação ‘Mão na Bola’, que decretou busca e apreensão na casa da ex-governadora. Então, esse processo foi ocasionado por delações feitas por pessoas que tinham relações com a empresa Arena das Dunas. E nós tentamos trazer esses delatores para cá, mas não tivemos êxito”, explicou a deputada.
A reunião administrativa ocorreu no último dia 16, em que os deputados desistiram da convocação, não foi publicada. A assessoria de comunicação do deputado Kleber Rodrigues informou que ele estava fora do Estado na ocasião e não participou da sessão secreta. Já o Subtenente Eliabe afirmou desconhecer o fato denunciado, mas que votou a favor durante a reunião.
Segundo Isolda, o nome da ex-governadora Rosalba Ciarlini aparece ligado aos indícios de irregularidades e de pagamento de propina, a partir de provas colhidas pela CPI. Os valores desviados estão sendo apurados por meio de um processo judicial que está tramitando no TJ-RN. “Eu até tentei, em reunião administrativa, apresentar o nome de Rosalba Ciarlini (para comparecer à CPI), mas foi devidamente reprovado. E como nós não estamos fazendo da Comissão um palco e sou minoria, mantivemos o acordo como foi determinado”, explicou.
Durante a operação “Mão na Bola”, ocorrida em dezembro de 2019, Rosalba e seu marido, Carlos Augusto Rosado, além do ex-presidente da Construtora OAS, Léo Pinheiro, e mais sete pessoas, foram denunciados por participação em suposto esquema de corrupção que teria desviado cerca de R$ 16 milhões da construção da Arena das Dunas para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil.
“Contribuiu para revisão do contrato”, disse Isolda
A CPI da Arena foi instalada em 2019 e investiga o contrato firmado entre o Governo do Rio Grande do Norte e a empresa Arena das Dunas. Para Isolda, a Comissão contribuiu para que ocorresse uma revisão no contrato: “Nós fizemos a primeira rodada de negociação entre empresa e o governo do Estado. O governo apresentou as condições de revisão do contrato e a empresa que administra a Arena das Dunas ficou de se manifestar”, disse.
Ela destacou que a CPI não tem apenas a prerrogativa de investigar, mas também contribuir para encontrar soluções. “Esse contrato já deveria ter sido revisado por duas vezes, que é previsto na cláusula 26 do contrato, como os governos anteriores não se preocuparam com isso, a comissão está contribuindo com o governo do Estado para que ocorra revisão e que o prejuízo possa ser reduzido para o Rio Grande do Norte”, finalizou.
Agora RN
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