quinta-feira, 4 de abril de 2019

Correr pra comer ou comer pra correr?

Hoje eu posso”. Se não for a mais, essa talvez essa seja uma das frases mais repetidas entre os corredores especialmente aos sábados. Por natureza, o sábado já é um dia diferenciado. De descanso, lazer, um bom churrasco, aquela cervejinha. Mas para nós corredores é o dia do longão. E aí onde entra o ingrediente especial: após esse treino, que normalmente é o mais esperado da semana, bate aquela sensação de dever cumprido e com ela, a famigerada frase “hoje eu posso”.

Muito se discute a respeito desse tema entre professores de educação física, atletas e nutricionistas. Diante de diversas posições distintas, uma parece ser unânime. Nem tanto, nem tão pouco. Como tudo na vida, a palavra chave é equilíbrio. “Correr pra comer” pode ser um pensamento equivocado e perigoso, deixando claro que não estou aqui afirmando que todo corredor deve ser escravo de dieta. Nem dizendo que após correr muito e gastar mais energia, não se pode consumir algo com baixo valor nutritivo. Pode, mas com cautela.

Para a nutricionista Amanda Nascimento, primeiro é preciso entender que em qualquer modalidade esportiva, o caminho deve ser: entender o treino e prescrever em cima disso. Não o contrário.

Primeiro identificamos qual é o metabolismo energético do esporte, depois o tempo de atividade e por último a condição física do paciente. Assim entramos com o pré-treino específico, depois cuidamos de repor os nutrientes necessários para que a máquina não entre em colapso no meio do caminho. Por último devemos repor os estoques de glicogênio (hepático e muscular) pra acelerar o processo de reparação tecidual. Falo de suplementos e/ou alimentos.” Mas a receita acaba aí? Não. “Feito isso tudo, aí sobra espaço para um docinho, um hambúrguer, uma cerveja, ou qualquer coisa necessária para manter a sanidade mental do atleta”, destaca Amanda que é especialista em nutrição esportiva, em fisiologia do exercício e membro da Associação Brasileira de Nutrição Esportiva.

Resumindo: não existe certo, errado, muito, pouco. Existe o necessário para aquele treino, naquele dia. Ou seja, tomando todos esses cuidados, a rasgada da dieta no final do dia torna-se “menos nociva”. Mas lógico: é sempre bom frisar, dependendo da quantidade, óbvio. Vale repetir: equilíbrio é o segredo do sucesso.

Mas se mesmo assim, você é daqueles mais afoitos que enfiam o pé na jaca com força. Treinam duro de segunda a sexta, mas sábado e domingo comem e bebem sem pena. Aí o bicho pega. Corrida é um esporte de impacto e a sobrecarga em exercícios com essa característica torna-se mais lesiva, sem contar que talvez não alcance resultado positivo em relação à composição corporal.

O desequilibrado fica mais suscetível a lesões e não só musculares, mas digestivas também, que refletem diretamente no sistema imune. E outra, não emagrece. Se não gerar balanço energético negativo, não emagrece. O corpo não entende se é dia de semana ou fim de semana, ele entende quando há ou não estímulo no metabolismo”, reforça Amanda.

Nesse aspecto o pensamento é até matemático. Consumir a mesma quantidade de calorias que se gasta, mantém o peso corporal. Consumir mais calorias do que se gasta, é gerar balanço enérgico positivo e a resposta disso é aumento de peso.

Acima de tudo tenha em mente que não existe débito ou crédito no metabolismo. Ele é diário.

Blog do BG


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