O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse na noite desta quarta-feira, em entrevista à GloboNews, que a política externa do governo Jair Bolsonaro é um “desastre”. Maia criticou ainda a política de Educação do governo e a “falta de agenda” para o país. Segundo ele, a ausência de propostas dificulta a relação do Executivo com o Congresso.
— Qual é a agenda do governo? Qual é a agenda do governo para a Educação? Eu não conheço. Qual é a agenda do governo nas relações internacionais? É um desastre — afirmou o presidente da Câmara.
Durante a entrevista, Maia acrescentou que o Planalto deveria ter listado as ações do governo para que os parlamentares pudessem saber se poderiam participar ou não do governo.
— A gente não sabe ainda qual é a agenda do governo para dizer se faz parte ou não.
Perguntado se sua relação com o presidente da República seria melhor do que já foi “como deputado”, Maia afirmou que, “pessoalmente, é pior”. No mês passado, Maia e Bolsonaro trocaram farpas. Embora o presidente da Câmara tenha indicado que o entendimento ainda é difícil, ressaltou que isso “não é relevante”, porque o que importa é “acordar cedo” para tocar a agenda econômica.
Nesta quinta-feira, Maia rejeitou um pedido de impeachment protocolado pelo deputado Marco Feliciano (PSC-SP) contra o vice-presidente da República, Hamilton Mourão. Críticas públicas de Carlos Bolsonaro, filho do presidente, dirigidas ao vice abriram uma crise dentro do governo. Sobre o assunto, Maia afirmou que já tem “muitas confusões” para administrar e que rejeitou o pedido porque não era cabível.
— Há um conflito dentro desse governo, que o Parlamento não quer participar — afirmou Maia.
O presidente da Câmara também disse que pode votar o pacote anticrime do ministro da Justiça, Sergio Moro, ainda no primeiro semestre deste ano. Ele ressaltou que dialoga pessoalmente com Moro sobre a proposta e que haverá uma convergência com o projeto do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Morais.
Rodrigo Maia disse ainda ter certeza que a reforma da Previdência será aprovada na Câmara, mas evitou fazer uma projeção de qual será a economia.
Afirmou também que as mudanças no BPC (Benefício de Prestação Continuada) e na aposentadoria rural não devem ser aprovadas e será muito difícil criar o regime de capitalização, pretendido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
— Capitalização vai ter de explicar muito bem. O custo de capitalização também é muito alto, R$ 400 bilhões em dez anos — afirmou Maia, que acrescentou: — Qual modelo é esse? Capitalização pura? Chance zero de passar.
O presidente da Câmara disse que hoje tem mais gente a favor da reforma, “mas ainda não é a maioria”. E afirmou que “o governo foi omisso no começo” da tramitação, mas tem conversado constantemente com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
— As coisas estão caminhando. As coisas estão melhorando.
O Globo
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