terça-feira, 6 de novembro de 2018

"O seu amor ao mito, é o ódio à quem?"


Por Amandha Oliveira

Após a eleição do candidato do PSL, o discurso de ódio dos seus seguidores se intensificou. O que já era de se esperar, a prepotência de alguns durante a campanha já nos mostrava isso. 

O ódio à um partido deu início ao caos, e sem dúvidas uma onda fascista, repito meu discurso como inúmeras vezes o fiz aqui. 

Classifico o ódio de algumas pessoas ao PT, como ódio de classe, pelo menos algumas que conheço bem! 

O discurso ofensivo de alguns, ao dizer que o PT nós comprou pelo "bucho" referindo-se a um programa social tão humanitário como o bolsa família, chamando de "bolsa miséria", um programa social que tirou famílias da extrema pobreza, e o país do mapa da fome. Discurso agressivo insistindo em dizer que militantes petistas vão para movimentos em troca de "pão com mortadela". 

Esse discurso de ódio, agressivo, preconceituoso e injusto! Essas pessoas não sabem o que é sentir fome, não sabe o que é ser alvo de preconceitos, ter inúmeras portas fechadas para o acesso a educação, não sabem o que é ser mãe/pai, em cima da dificuldade de muitas vezes não ter o básico para oferecer aos filhos.

O governo Lula nos ofereceu dignidade, o direito a três refeições por dia, nos deu acesso à entrar em universidades pela porta da frente, nos deu dignidade e esperança. Deixou filhos de empregadas domésticas sentarem em cadeiras ao lado dos filhos dos patrões nas universidades. É, o PT não fez mais que sua obrigação investindo em políticas públicas, olhando e dando voz e vez aos mais humildes, mas o PT fez, o PT de Lula fez o que nenhum outro governo se atreveu em fazer, tirou privilégios do que tinham muito, para que necessitava de um pouco. O PT olhou pro nordeste com amor. 

Depois de tudo isso, você ainda vem com todo esse ódio à um partido, não é preconceito de classe? 

Querem nos tirar o que nos foi dado, o que conquistamos com tantos esforços, mesmo com pouco apoio. 

Não foi apenas o preconceito de classe que elegeu Jair Bolsonaro, mas a homofobia, a misoginia, o racismo, eleitores encontrando no discurso de ódio uma representatividade para expor o que realmente são. Se não foi o ódio ao PT, foi o preconceito. 

O candidato ganhou a campanha sem discurso ético, sem propostas, sem debater, ganhou na base dos gritos, se escondeu por trás de fake news. É inadmissível que digam que ele representa a família, a minha família o discurso agressivo dele não representa.

Mesmo com discursos homofóbicos, machistas, racistas e preconceituosos, o candidato recebeu uma quantidade de votos significativa da comunidade LGBT, de mulheres, e negros. É incompreensível que os oprimidos sintam-se representados pelos opressores, é incompreensível que nossa classe que hoje se encaixa na minoria, tenha apoiado discurso que nos assassina. Incompreensível! 

Me encontro ainda no momento de choque de realidade, estou tentando aceitar que nos venceram enquanto sociedade. 

No momento só quero acreditar que as ameaças a classe trabalhadora não serão cumpridas, que as ameaças aos gays não sejam reais, que nós mulheres possamos continuar lutando por nossos direitos, combatendo machismo todos os dias. Quero acreditar que ainda iremos poder protestar contra tudo o que nos oprime. 

Mesmo tendo a plena convicção de que nossa realidade daqui pra frente, será bem difícil, tenho certeza, acreditei tanto no discurso ofensivo de Bolsonaro que fui contra sua campanha o tempo todo, não concordei com nada. Aceito sua eleição democrática, por maioria dos votos, mas me recuso a concordar e compactuar com qualquer discurso de ódio. 

Sou grata porque o pouco que tenho, posso bater no peito e me orgulhar que conquistei com meus próprios esforços, assim posso declarar a tudo e a todos, minhas opiniões e escolhas políticas. 

Minha luta por direitos inclui à mim como mulher, as mulheres que amo, principalmente minha filha, e também aquelas que não souberam ficar do se próprio lado. A tristeza que sinto precisa ser transformada em luta já! Pois dela não me retiro! 

Este será meu último post sobre o desfecho dessa disputa presidencial, última que em palavras nos meus textos, uso o nome do então presidente do Brasil. Me retiro de qualquer discussão política nas redes sociais. Irei aguardar os próximos capítulos que estão por vir, e continuar do lado da democracia, do meu próprio lado, e do lado daqueles que me orgulho em dividir a luta. 

Deixo minhas energias positivas aqui, para tudo de pesado que estar por vir! 

Nessa disputa ética e moral, o discurso de ódio venceu, mas na luta permaneceremos. 

Boa sorte para todos que hoje, assim como eu, se sentem ameaçados, vamos precisar! 

Por fim, como escreveu Drummond: 

"NÃO NOS AFASTEMOS, NÃO NOS AFASTEMOS, VAMOS DE MÃOS DADAS"

Amandha Oliveira é feminista, mãe de dois filhos, militante, filiada ao Partido dos trabalhadores e como muitos brasileiras (os) que acreditam na democracia, liberdade, diversidade, continuará lutando por dias melhores.  


2 comentários:

  1. Muito bom, Amandha. Texto muito bem escrito e idéias muito bem colocadas. Essa eleição foi mais que um pleito político. Foi uma disputa entre conjuntos de valores opostos e conflitantes. e serviu para demonstrar o ódio e o preconceito da classe mais abastada, e daqueles que pensam que fazem parte dela, contra as classes menos favorecidas. Contra aqueles que foram, pela primeira vez na história do país, priorizados em sua demandas e necessidades, sem detrimento dos anseios daqueles que sempre foram os aquinhoados e beneficiados pelas políticas governamentais. Serviu para derrubar o mito, esse sim verdadeiro, de uma coexistência pacífica e cordial entre as classes no Brasil. O que houve não foi simplesmente uma eleição, foi uma disputa encarnecida entre a civilização e a humanidade e a barbárie e o ódio. Ódio a tudo que se relacione a tolerância, a diversidade de idéias e opções, a inclusão social e aos direitos fundamentais de qualquer cidadão. O ódio e a barbárie venceram, num pleito democrático contestado previamente pelos seus próprios propagadores. Mas tenho certeza que a verdade acabará prevalecendo, e parte daqueles que apoiaram as idéias e propostas não reveladas do candidato Bolsonaro enxergarão a realidade e constatarão a falácia, a irrealidade e o absurdo de seu discurso misógino, homofóbico, fascista, racista e preconceituoso. E nada de esmorecer quando dizem que o PT sucumbiu. Ao contrário, foi o partido que mais cresceu, e vem crescendo gradativamente, a despeito dos erros que cometeu e do oposição midiática velada. Erros que muitas vezes foi forçado a cometer devido a conjuntura e estrutura política e social corrupta do país. O PT dispõe de 30% da preferência eleitoral, o que por si só é um patrimônio invejável. Isso ocorre porque o PT está arraigado no seio da população, principalmente aqueles mais carente, e entre aqueles que têm compromisso social e perfil humanitário. Não sou filiado, mas porto com todo orgulho a estrela petista onde vou. A população pobre do Brasil experimentou nos governos petistas um período de ascensão inédito. Isso nunca será esquecido. Seu posicionamento foi direto e claro. Só discordo que pare de se expressar e publicar. Precisamos de gente com sua clareza e seu comprometimento. Conte sempre comigo se precisar. Vamos juntos. A luta continua, e a verdade um dia prevalecerá. Só espero que o tecido social no Brasil ainda tenha conserto, quando acontecer. Parabéns.

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  2. Um lindo texto, uma mulher de fibra me representa,

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