quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Advogada é atacada após encerrar debate sobre violência contra mulher com #EleNão no RN

Uma manifestação política individual de uma advogada e militante dos direitos humanos durante palestra sobre violência contra a mulher, realizada no IFRN de Nova Cruz, foi deturpada e atacada por defensores do candidato à presidente Jair Bolsonaro.
Vani Fragosa, que também é escritora e assistente social, encerrou sua fala mostrando o último slide da apresentação onde se lia as hastags #EleNão, #EleNunca e #EleJamais. Não houve reação do público, mas a iniciativa de Vani foi julgada algumas horas depois no tribunal das redes sociais.
Canalha, feminazi, doutrinadores foram alguns dos ataques.
Com informações falsas divulgadas em meio à imagem do slide apresentado pela advogada, o debate sobre violência contra a mulher, que contou também com a participação da promotora de Justiça Erica Canuto, foi reduzido a uma polêmica sobre a manifestação democrática da palestrante.
Uma blogueira de Natal chegou a divulgar que os alunos foram proibidos de usar celulares durante o debate o que, segundo os organizadores, não aconteceu. Além da própria palestrante, estudantes e professores da instituição que acompanharam o debate ficaram indignados com os ataques.
Vani Fragosa é autora do livro “Violência doméstica contra a mulher – da invisibilidade à luta pela superação”, fruto do trabalho de conclusão do curso de Direito da UFRN. Nele, a advogada apresenta dados de crimes cometidos contra mulheres, a maioria dentro de casa e praticados por pessoas próximas das vítimas, números de feminicídios e também um estudo de caso realizado pelo Ministério Público com agressores de mulheres que passaram por um processo de ressocialização.
Nada disso, no entanto, mereceu destaque dos agressores que acusaram a advogada Vani Fragosa pelo crime de livre manifestação. Após o episódio, ela fez um desabafo em sua página no facebook:
– Não houve qualquer menção a candidato algum, seja de direita ou de esquerda, não houve a distribuição de santinhos como caluniosamente uma blogueira de Natal postou em seu sitio (devidamente printada). Estávamos coletivamente imbuídos na reflexão sobre tema bastante caro a nossa sociedade com fins à sua superação. Os participantes não foram proibidos de usar celular, tanto que fotos foram tiradas e publicizadas em suas redes sociais. Mas, lamentavelmente, o blogueirismo rasteiro, baixo, longe de se comprometer com a busca ética pela verdade, optou por deturpar a realidade com fins obscuros que atendem a interesses escusos, produzindo e reproduzindo fake news, demonstrando falta de capacidade ética e moral para transmitir informações sérias, isentas e comprometidas com a verdade.
IFRN divulga nota
Após a repercussão, a direção do IFRN Nova Cruz divulgou nota afirmando o óbvio: que a manifestação da palestrante representa um posicionamento político pessoal e que a instituição evita ações que caracterizem propaganda político-partidária.
Manifestações de intolerância contra Vani Fragosa não são isoladas e fazem parte de um projeto onde está inserido o movimento Escola Sem Partido, que nada mais é do que a censura dentro de instituições públicas de ensino.
É por esse tipo de violência contra a sociedade que é cada vez mais urgente o posicionamento de todas as pessoas que defendem a democracia.
Também por isso, a manifestação de Vani ecoa e expõe o ódio de tanta gente.
#EleNão, #EleNunca, #EleJamais
Por Rafael Duarte

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