quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Recém-criado, grupo 'Mulheres unidas contra Bolsonaro' no Facebook já reúne mais de 700 mil integrantes

O Globo

A rejeição de Jair Bolsonaro entre o eleitorado feminino, detectada em diferentes pesquisas de intenção de voto, agora pode ser medida também pela velocidade com que cresce o grupo "Mulheres unidas contra Bolsonaro" no Facebook. Criado no dia 30 de agosto, o espaço já reúne mais de 700 mil integrantes — embora, por tratar-se de um grupo de acesso restrito, os não membros visualizam como se houvesse apenas pouco menos de 400 mil participantes. 

A página é comandada por nove administradoras e cerca de 50 moderadoras, que juntas incentivam o engajamento de eleitoras que não desejam ver o candidato do PSL ocupando a Presidência da República. Segundo a pesquisa divulgada na segunda-feira pelo instituto Datafolha, a rejeição de Bolsonaro entre as mulheres é de 49%.



Uma das responsáveis pelo grupo, a professora Maíra Motta, de 40 anos, conta ao #FocaNoVoto que o espaço tem muitas pessoas atentas ao processo de "aceite" de novas participantes, que são incluídas por quem já faz parte. Homens não são aceitos, assim como mulheres que declaram voto em Bolsonaro.

— Temos uma equipe de plantão apenas para aprovação dos novos membros e utilizamos filtros para que apenas mulheres, incluindo as trans, tenham acesso ao grupo. Observamos o perfil e recusamos eleitoras que tenham apoio declarado ao candidato que combatemos — explica Maíra, que respondeu às perguntas por escrito, com respaldo de outras administradoras da comunidade.

O aumento expressivo do número de membros em um curto período surpreendeu o time que cuida do grupo na rede social. Entre 9 e 11 de setembro, um intervalo de dois dias, foram registradas cerca de 600 mil novas adesões. A inclusão de novos membros é feita através duas maneiras: quem já está dentro pode acrescentar novas pessoas ou quem está de fora pode pedir para fazer parte (qualquer uma delaspode pedir para deixar de fazer parte a qualquer momento). 

— Esperávamos o crescimento, mas não assim tão rápido. Faremos ações objetivas, manifestações e ações para chamar a atenção da sociedade. Candidatos fascistas são prejudiciais às mulheres — defende Maíra.

Outra administradora, Ludimilla Teixeira fez uma publicação nesta quinta para dizer ao grupo que elas estão se organizando e “afinando o discurso” esperando que, em breve, elas reúnam 1 milhão de mulheres.

INTENÇÃO É SER APARTIDÁRIO

Ainda segundo Maíra Motta, a intenção da organização não é relacionar a atuação do grupo a um partido político ou grupo específico, nem mesmo diante da proximidade da votação de outubro. Para o primeiro turno, o Datafolha aponta que Bolsonaro lidera a pesquisa divulgada na segunda, com 24% das intenções de voto.

— Não há como fechar voto dentro de uma perspectiva pluralizada de mulheres que possuem identidades diversas e, com isso, buscam pautas que correspondam às necessidades. O grupo não busca ser porta-voz da intenção de voto, mas sim da insatisfação perante a possibilidade da eleição de um presidente que vai de encontro as pautas que protegem e defendem os direitos das mulheres — diz a internauta, que é da Bahia.

BOLSONARO É TRATADO COMO “INOMINÁVEL”

Além da entrada negada ao sexo masculino e às eleitoras de Bolsonaro, as regras do grupo estabelecem que o tema das postagens deve ser a candidatura do capitão da reserva, que é chamado de “inominável” pelas líderes. Discursos de ódio não são permitidos e o conteúdo compartilhado deve ser mantido em segredo por quem participa para não expor publicamente as participantes.

Cada candidato à presidência, com exceção de Bolsonaro, possui uma postagem fixa para que as eleitoras façam comentários sobre a própria campanha. O recurso é utilizado porque, segundo o texto que rege o funcionamento do grupo, o objetivo é “Todos contra ele (Bolsonaro)”. Enquetes sobre intenções de votos não são permitidas, em consideração à legislação eleitoral que proíbe pesquisas do tipo através da web.

Por: João Paulo Saconi e Luciano Ferreira, estagiários sob supervisão de Daniel Biasetto e William Helal.


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