Henrique Meirelles, com sua super-aposentadoria de 250 mil reais do Bank of Boston, quer que os trabalhadores continuem pagando pela crise. Junto com os patrões e os banqueiros, sinalizam que usarão de todas ameaças para imporem suas reformas.
Os governantes burgueses, a mídia, o imperialismo e diversas instituições gritam uma só palavra: "ajuste", que para eles significa "cortar direitos e empregos dos trabalhadores". A única maneira com que a burguesia sabe enfrentar uma crise é descontando-a nas costas dos trabalhadores, essa é uma definição que atravessa fronteiras e repercute no Brasil nos últimos anos, quando não só a elite nacional, com FIESP e outras instituições reacionárias, mas também no tom que os governos vem agindo.
A burguesia elegeu Michel Temer para ser o carrasco dos ajustes, colocando todo o time mais reacionário a seu lado, isso inclui o ex-diretor do Bank of Boston, uma das maiores corporações financeiras globais. Henrique Meirelles é responsável por realizar os ataques no plano econômico, buscando o discurso "economês" para pressionar os trabalhadores, botar medo falando que "se não houverem reformas, o emprego não voltará", "se a PEC não passar os salários vão continuar caindo".
O dia 15 de março serviu para demonstrar que há uma raiva generalizada, e que o governo terá de pensar como passar seus ataques. Para os de cima, essa articulação é fundamental no momento, não a toa se aprofundaram as denúncias a chapa Dilma-Temer em vista da cassação de Temer também, e os deputados se aproveitaram da trégua das centrais sindicais para passar o projeto de lei que torna a terceirização irrestrita.
No meio desse caos, pode até passar despercebida a entrevista que Henrique Meirelles deu ao SBT ontem (23), os 60 bilhões que "faltam" para a conta fechar nem chegam perto dos 1,7 trilhão de reais que serão destinados esse ano para banqueiros através da dívida pública, mas a prioridade do governo é outra. Com uma sinalização que já arrancou nota de repúdio da FIESP, o ministro disse que iria extinguir isenções, algo já ameaçado antes mas não efetivado pois os aliados do governo sempre reclamam. Mas por outro lado já está sinalizado o aumento da contribuição PIS e Cofins, que incidem sob todos os produtos que chegam na mesa dos brasileiros, e são particularmente altos nos combustíveis.
Aumento o PIS e Cofins Meirelles colocará de novo para funcionar a espiral dos aumentos de preços para os consumidores domésticos, trabalhadores, pequenos comerciantes, pequenos agricultores e outros. Um dos maiores reflexos desse aumento se dá nos combustíveis, automaticamente aumento Etanol e Gasolina, o que se acumula em aumentos em todos os produtos, se repetirá parte do aumento de preços que os trabalhadores viram no começo do governo Dilma com os reajustes do PIS e Cofins realizados por Joaquim Levy.
Por um plano de lutas para barrar os ataques
Por enquanto o tom era de especulação, mas que soa como uma ameaça para quem luta hoje. Demonstram que se a reforma da previdência tiver resistência, buscarão por outros meios garantir ataques que beneficiem a burguesia, qualquer discurso que aponte que só devemos lutar contra a reforma da previdência mas deixar outros ataques de lado estará apoiando a ameaça de Meirelles. A CUT e a CTB demoraram demais para colocar seus aparatos em chamados de massa, e deixaram claro que a luta contra a reforma da previdência para eles tem que ser acompanhada do #LULA2018. Só podemos erguer uma luta consequente contra a reforma da previdência se estivermos dispostos a por em xeque os interesses do governo.
Um plano de luta que esteja disposto a resolver a crise social instalada, colocando a frente a geração de empregos, educação, saúde e transporte públicos e gratuitos para todos só pode ser efetivado deixando de pagar a dívida pública, estatizando os bancos e as principais empresas do país, implantando a redução da jornada de trabalho sem redução de salário. Esse plano que se confrontaria com os interesses do governo, dos patrões e dos banqueiros, não deixando lastro para ameças como a de Meirelles.
Colocar essa reflexão a frente em todos os espaços de mobilização, assembleias, reuniões e atos é parte da tarefa de disputar qual saída será dada a crise nacional. Da mesma maneira que chantagearam a Grécia milhares de vezes com o mesmo discurso, a austeridade e os cortes só serviram para aprofundar a crise social do país europeu, e quando o Syriza teve em suas mãos a possibilidade do calote da dívida, não buscou se fundir as massas que o elegeram: não buscou a estatização dos bancos, privatizou mais e a Grécia continuou em crise.
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