O primeiro compromisso de Michel Temer no dia seguinte ao envio da segunda lista de Janot ao STF é sintomático. Ele se reúne com os presidentes da Câmara e do Senado, líderes partidários e, espantoso se não fosse no Brasil, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Gilmar Mendes.
Vão discutir reforma política, um grande biombo atrás do qual estará a anistia ao caixa dois como boia de salvação para os denunciados pela Odebrecht. Ah, sim, deve participar também da reunião um ilustre integrante da lista, o ministro Eliseu Padilha. Difícil é encontrar, entre os participantes, quem não esteja na lista. Os presidentes da duas Casas do Congresso estão e poucos dos líderes partidários devem escapar dela.
Uma reforma política liderada por Temer e conduzida pelos homens da lista de Janot é um escárnio. Foram estas mesmas forças, bem ajustadas ao “modelo reinante” desde sempre, como disse Emilio Odebrecht, que impediram sucessivas tentativas de aprovação da reforma política, conduzidas pelos poucos ingênuos e bem intencionados do Congresso. O que eles querem mesmo, a pretexto de uma reforma política, é aprovar a anistia ao caixa dois, é encontrar uma brecha legislativa que passe o apagador sobre o comprometimento geral e irrestrito de toda a elite política.
Mas como tudo neste mundo precisa de uma boa roupa, pode ser que esta mesma elite, sempre refratária mudanças no sistema que até mesmo a Constituinte deixou intocado, para salvar seus pescoços agora seja obrigada a mudar as regras. Gilmar Mendes vem cobrando a definição do modelo de financiamento para a campanha de 2018. As doações de empresas estão proibidas pelo STF. O fundo partidário, com seus R$ 5 bilhões, não é suficiente nem para as campanhas de deputados, que em 2014 custaram mais que isso; as doações de pessoas físicas, que nunca foram uma tradição, agora é que ficarão escassas mesmo, depois do mar de lama. Não está havendo muita saída a não ser o financiamento público de campanhas, que exigirá a engorda substancial do fundo partidário e a adoção do sistema de voto em lista fechada, sem o qual fica impossível praticar a divisão dos recursos do fundo público. Por estranhos caminhos, o PT pode ver aprovada a receita eleitoral que sempre defendeu, e deixou pelo caminho quando também foi corrompido pelo dinheiro fácil do conluio Estado-Empresa com mediação partidária.
Mas como tudo neste mundo precisa de uma boa roupa, pode ser que esta mesma elite, sempre refratária mudanças no sistema que até mesmo a Constituinte deixou intocado, para salvar seus pescoços agora seja obrigada a mudar as regras. Gilmar Mendes vem cobrando a definição do modelo de financiamento para a campanha de 2018. As doações de empresas estão proibidas pelo STF. O fundo partidário, com seus R$ 5 bilhões, não é suficiente nem para as campanhas de deputados, que em 2014 custaram mais que isso; as doações de pessoas físicas, que nunca foram uma tradição, agora é que ficarão escassas mesmo, depois do mar de lama. Não está havendo muita saída a não ser o financiamento público de campanhas, que exigirá a engorda substancial do fundo partidário e a adoção do sistema de voto em lista fechada, sem o qual fica impossível praticar a divisão dos recursos do fundo público. Por estranhos caminhos, o PT pode ver aprovada a receita eleitoral que sempre defendeu, e deixou pelo caminho quando também foi corrompido pelo dinheiro fácil do conluio Estado-Empresa com mediação partidária.
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