sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Hora de pagar: Partidos que foram decisivos para Temer querem mais espaços

Passada a comemoração da vitória, o presidente Michel Temer está sendo pressionado pelos partidos do centrão a rever os espaços no governo e reduzir a participação do PSDB, que tem quatro ministérios e deu 21 votos a favor da denúncia. Temer pediu uma “radiografia da votação” para saber as justificativas dos aliados que traíram o governo.

Integrantes dos partidos do centrão — especialmente do PMDB, PR, PTB e PP — exigem nova configuração do governo. Vice-líder do PMDB na Câmara, Hildo Rocha (MA) defendeu ontem que o PSDB perca a metade dos seus ministérios.

— O que se decidiu ontem era se o presidente continuaria ou não na Presidência. Quem votou contra não pode fazer parte da base. Que o PSDB fique com a metade (dos ministérios), já que votou pela metade — disse Rocha.

A deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) disse que Temer precisa valorizar a nova base e rever “espaços”, mas considera o caso do PSDB especial pela necessidade de votos para aprovar a reforma da Previdência.

— O PTB se portou de forma responsável: dos 18 deputados, 15 votaram com Temer, dois a favor da denúncia e um não compareceu. Não dá para tratar as pessoas infiéis como todo mundo. Tem que reorganizar os espaços — disse Cristiane, que é filha do presidente do PTB, Roberto Jefferson.

Após o arquivamento da denúncia, garantido em grande parte graças aos votos do centrão, esses partidos partem agora para colher os frutos. O PSD, por exemplo, tem um ministério, mas acha que ao dar 24 votos a favor de Temer merece maior “reconhecimento”.

— Nosso partido não está satisfeito com a representação no governo. Não estamos nem falando de ministérios, mas temos que ter um reconhecimento maior pelo desgaste que nós sofremos. O presidente tem que entender isso — disse o líder do PSD na Câmara, Marcos Montes (MG).

GOVERNO QUER EVITAR ‘CAÇA ÀS BRUXAS’

O discurso no Planalto é que haverá uma “valorização” dos aliados que derrubaram a denúncia contra Temer, mas que o presidente não deve mexer com o espaço ministerial do PSDB, nem “reagir com o fígado”. Temer disse aos aliados que deseja saber “qual o tamanho da base com que pode contar” para as próximas votações.

Nas conversas ontem, Temer foi aconselhado a privilegiar os aliados em cargos de segundo e terceiro escalões e, ao liberar mais verbas de emendas, ditar um ritmo em que o empenho saia primeiro para os fiéis.

Temer se reuniu com o líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB ), e com o vice-líder, Beto Mansur (PRB-SP), para tratar do levantamento, que deve estar pronto na próxima segunda-feira. Um dos exemplos citados foi o do deputado Sérgio Reis (PRB-SP), que meia hora antes prometeu a Mansur que votaria com o governo e acabou votando a favor da denúncia.

— Não é caça às bruxas, mas saber o tamanho da base para votações futuras. Precisamos valorizar quem votou conosco — disse Mansur.



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